terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Ah, o Mondo Cane Niilista nosso, de cada dia.




Perplexo com as notícias lamentáveis do dia, tentei, a caminho de casa, no metrô, dar uma esvaziada em minha mente, para fugir um pouco dessa realidade estarrecedora. E nessas horas, o Ipod é um importante aliado. Aliás, a música é um importante aliado, um  “terapeuta” que consegue a proeza de lavar a alma de cada um. Pelo menos, para a minha. Foi difícil no começo, pois meus pensamentos estavam na passeata em prol da Educação, no MASP. Mas estava muito tenso.  O Ipod foi meu Pilates do dia.  E veio uma música com uma tonalidade perfeita para relaxar.



Comecei a pensar na viagem que fiz durante as férias. Mas me veio na memória a imagem minha e de meus pais na cozinha da casa deles, batendo um bom papo, enquanto fechava o roteiro de viagem para o Pará. Durante o processo de recuperação da minha cirurgia da minha finada hérnia, meus pais ficaram surtando, querendo que eu passasse uns dias com ele. Resumindo, queriam me mimar (risos). E meu pai foi um lorde britânico em se oferecer a vir me pegar aqui em Sampa, para ficar com eles alguns dias, em Ribeirão Preto, cidade onde nasci. Quer dizer, nada é perfeito no mundo (risos).  Graças a Deus que eu não puxo o “R”. Minha professora de Telejornalismo deu (risos) a devida educação. 

Mas voltando aos meus pais, me lembrei que durante os textos que escrevi sobre minhas férias (se tiverem interesse e paciência de ler, fiquem à vontade. Vá na lista do blog, mês de setembro e se joga, Ariclê!) e eu fui indelicado em não fazer nenhuma menção à Ribeirão. Acho que só fiz uma pequena nominação, chamando a cidade de (risos) “rancho”. E me lembrei de uma história muito bacana e que seria injusto de minha parte, não compartilhar.

Meu pai me buscou e iniciamos a viagem saindo de São Paulo no início da tarde. Levei uns CDs para ir escutando na viagem, junto com ele. E tivemos um papo que durou a viagem toda. Foi uma espécie de entrevista que eu fiz com ele, que rendeu boas histórias de sua infância. O curioso foi que ele compartilhou histórias de boas lembranças. Esqueceu o quanto ele sofreu junto com meus avós e meus tios. E dávamos muitas risadas, principalmente quando eu o deixava desabafar, criticando minha mãe. Como precisava caminhar um pouco, pedi para ele parar no próximo posto, para comermos algo. Coloquei um disco muito bom para dividirmos. E ele amou.


Como a pauta estava muito focada na memória afetiva, meu pai sugeriu de pararmos no posto Turmalina, próximo a cidade de Cordeirópolis, cidade onde nasceu minha avó. Apesar de estarmos mais próximos de um outro posto, topei pararmos no seguinte. Quando estávamos chegando para dar uma arejada, ele compartilhou a lembrança de quando viajávamos de férias para São Paulo, numa Brasília branca que por várias vezes (risos) quebrava na estrada. Nosso pit stop era sempre no posto Figueira na ida e Posto Castelo, na volta a Ribeirão. O posto Figueira nem existe mais. O Castelo foi incorporado à rede Graal. Meu pai me perguntou se eu me lembrava do ambiente do lugar e antes que eu respondesse, ele já foi detalhando o posto. Era um clima meio porco, na verdade (risos). Mas lá tinha o croquete mais gostoso que comi em minha vida. Quando vi meu pai falar do croquete do Castelo, vi ele salivar de vontade. Aí ele me olhou, nos olhamos, e ele decretou: vamos parar no posto e ver se tem um croquete? (risos). Como súdito, concordei.

Entramos para dar uma “chacoalhada” (nem eu acredito que cometi uma grosseria dessas. Me perdoem), nos higienizamos e fomos direto pegar a bandeja na expectativa de ver uma península de croquetes e quando chegamos no bendito croquete......só havia “um” na estufa.  Quer dizer, meu pai ficou me olhando, enquanto eu olhava o croquete. Depois de um bom tempo secando o salgado, meu pai falou: “pega, filho. Você (risos) está com mais vontade do que eu”. Eu não hesitei e peguei o croquete. Passei por ele e fui pegar um suco. Fiquei com um remorso, pois quem tinha se lembrado desse momento lúdico de nossa memória afetiva, foi ele. No desespero, mentalizei uma prece, dizendo a Deus que eu não me perdoaria se meu pai saísse do posto sem realizar o desejo dele. E pedi (risos) mais croquetes. Quando estava passando no caixa, voltei e me dirigi a ele, disposto a dar o meu croquete para que ele comesse. E quando eu o vi, ao lado de uma funcionária do posto, com uma travessa CHEIA de croquetes, virei uma estátua. Ele me olhou e deu uma piscada, com um sorriso maroto nos olhos. E olha que ele pegou dois (risos).

Moral da história? Deus existe, viu? (risos)