Ah,
o Mondo Cane Niilista nosso, de cada dia.
Perplexo com as notícias lamentáveis do dia,
tentei, a caminho de casa, no metrô, dar uma esvaziada em minha mente, para
fugir um pouco dessa realidade estarrecedora. E nessas horas, o Ipod é um
importante aliado. Aliás, a música é um importante aliado, um “terapeuta” que consegue a proeza de lavar a
alma de cada um. Pelo menos, para a minha. Foi difícil no começo, pois meus
pensamentos estavam na passeata em prol da Educação, no MASP. Mas estava muito
tenso. O Ipod foi meu Pilates do
dia. E veio uma música com uma
tonalidade perfeita para relaxar.
Comecei a pensar na viagem que fiz durante as
férias. Mas me veio na memória a imagem minha e de meus pais na cozinha da casa
deles, batendo um bom papo, enquanto fechava o roteiro de viagem para o Pará.
Durante o processo de recuperação da minha cirurgia da minha finada hérnia,
meus pais ficaram surtando, querendo que eu passasse uns dias com ele. Resumindo,
queriam me mimar (risos). E meu pai foi um lorde britânico em se oferecer a vir
me pegar aqui em Sampa, para ficar com eles alguns dias, em Ribeirão Preto ,
cidade onde nasci. Quer dizer, nada é perfeito no mundo (risos). Graças a Deus que eu não puxo o “R”. Minha
professora de Telejornalismo deu
(risos) a devida educação.
Mas voltando aos meus pais, me lembrei que
durante os textos que escrevi sobre minhas férias (se tiverem interesse e
paciência de ler, fiquem à vontade. Vá na lista do blog, mês de setembro e se
joga, Ariclê!) e eu fui indelicado em não fazer nenhuma menção à Ribeirão. Acho
que só fiz uma pequena nominação, chamando a cidade de (risos) “rancho”. E me
lembrei de uma história muito bacana e que seria injusto de minha parte, não
compartilhar.
Meu pai me buscou e iniciamos a viagem saindo de
São Paulo no início da tarde. Levei uns CDs para ir escutando na viagem, junto
com ele. E tivemos um papo que durou a viagem toda. Foi uma espécie de entrevista
que eu fiz com ele, que rendeu boas histórias de sua infância. O curioso foi
que ele compartilhou histórias de boas lembranças. Esqueceu o quanto ele sofreu
junto com meus avós e meus tios. E dávamos muitas risadas, principalmente
quando eu o deixava desabafar, criticando minha mãe. Como precisava caminhar um
pouco, pedi para ele parar no próximo posto, para comermos algo. Coloquei um
disco muito bom para dividirmos. E ele amou.
Como a pauta estava muito focada na memória
afetiva, meu pai sugeriu de pararmos no posto Turmalina, próximo a cidade de
Cordeirópolis, cidade onde nasceu minha avó. Apesar de estarmos mais próximos
de um outro posto, topei pararmos no seguinte. Quando estávamos chegando para
dar uma arejada, ele compartilhou a lembrança de quando viajávamos de férias
para São Paulo, numa Brasília branca que por várias vezes (risos) quebrava na
estrada. Nosso pit stop era sempre no posto Figueira na ida e Posto Castelo, na volta a Ribeirão. O posto Figueira nem existe mais. O Castelo foi
incorporado à rede Graal. Meu pai me perguntou se eu me lembrava do ambiente do
lugar e antes que eu respondesse, ele já foi detalhando o posto. Era um clima
meio porco, na verdade (risos). Mas lá tinha o croquete mais gostoso que comi
em minha vida. Quando vi meu pai falar do croquete do Castelo, vi ele salivar
de vontade. Aí ele me olhou, nos olhamos, e ele decretou: vamos parar no posto
e ver se tem um croquete? (risos). Como súdito, concordei.
Entramos para dar uma “chacoalhada” (nem eu
acredito que cometi uma grosseria dessas. Me perdoem), nos higienizamos e fomos
direto pegar a bandeja na expectativa de ver uma península de croquetes e
quando chegamos no bendito croquete......só havia “um” na estufa. Quer dizer, meu pai ficou me olhando, enquanto
eu olhava o croquete. Depois de um bom tempo secando o salgado, meu pai
falou: “pega, filho. Você (risos) está com mais vontade do que eu”. Eu não
hesitei e peguei o croquete. Passei por ele e fui pegar um suco. Fiquei com um
remorso, pois quem tinha se lembrado desse momento lúdico de nossa memória
afetiva, foi ele. No desespero, mentalizei uma prece, dizendo a Deus que eu não
me perdoaria se meu pai saísse do posto sem realizar o desejo dele. E pedi (risos) mais croquetes. Quando estava passando no caixa, voltei e me dirigi a ele, disposto a dar o meu croquete para que ele comesse. E quando
eu o vi, ao lado de uma funcionária do posto, com uma travessa CHEIA de
croquetes, virei uma estátua. Ele me olhou e deu uma piscada, com um sorriso
maroto nos olhos. E olha que ele pegou dois (risos).
Moral da história? Deus existe, viu?
(risos)