sábado, 12 de dezembro de 2015



É sempre bom participar de um jogo de paquera. E no metrô, isso se torna divertido. Principalmente para quem usa óculos de sol. É uma arma poderosa a favor. Mas ultimamente não tenho me animado muito. Gosto do simples prazer de observar, para dar vazão à fantasia. E os ditos "jambos" são minha preferência. Dia desses, entrou na estação Pedro II um tipo "canela quase jambo". Foi de perder a concentração no livro que lia. Ele estava vendendo capas para colocar RG. E por apenas um real. Tentei procurar alguma moeda, mas estava sem sorte. Contentei-me em usar a imaginação. O duro é que toda a vez que chego no “ápice” da minha fantasia, vem à mente um ótimo mantra criado pelo meu amigo Nelson, que diz: “guarda a caneta, Isabel”! Ele me conhece bem (risos).


E a música ditou as boas pautas dos 3 principais semanários culturais. O Segundo Caderno estampou uma das bandas que mais escutei nos anos 90: Garbage. Me lembro que fiquei hipnotizado quando vi o clipe “Queer” pela primeira vez, na MTV. A banda já pontuava nessa deliciosa, lasciva, porém melancólica canção, uma discussão a respeito da transexualidade. Aliás, é necessário registrar: os anos 90 foram, sem dúvida, a década mais democrática musicalmente. Muita coisa boa borbulhava no cenário pop. Tinha para todos os gostos. Junto com Garbage, tinha 2Pac, Blur, Hole, Radiohead, tantas outras em um caldeirão de muita música boa. E Garbage tinha uma certa vantagem em chamar a atenção da crítica especializada, com uma frontwoman de atitude. Shirley Manson foi uma das poucas que tiveram a proeza de (risos) me dar tesão. Na reportagem do Globo, eles falam sobre o re-lançamento de seu disco de estreia, “Garbage”, que vendeu “apenas” 4 milhões de cópias. A banda está excursionando para tocar todas as músicas do álbum. Para quem ainda não conhece Garbage, fica um aperitivo.


Quem diria que veria Daniela Mercury retornando ao maisntream de notícias da música brasileira. Foi capa de uma das edições do Caderno 2, nesta semana. O texto em tom elogioso abre chamando-a de “rainha notória do axé”. Me desculpem os fãs de Ivete, mas Daniela coloca a atual musa pop no bolso. (Dani)Ela faz os discos mais bem feitos, se cerca com produtores mais talentosos. Ivete parece ficar naquele círculo vicioso de não sair de um padrão preguiçoso de fazer música. Qualquer musiquinha dela pra pular ou chacoalhar tem sempre a mesma base de arranjo. Acho Ivete puro fantoche,  uma autêntica Barbie Abadá (risos).



Escutei algumas músicas novas de Daniela e pelo que percebi, ela resolveu fazer as pazes com suas raízes. Está flertando de novo com os tambores do candomblé, do samba-reggae. Só acho uma bobeira da parte da artista em usar sua vida pessoal como puro marketing para chamar (ainda mais) a atenção. Uma artista do quilate dela não precisa dessa “ferramenta”. Alguns amigos falaram que é uma forma dela usar a “arte” para combater o preconceito. Ela inclusive reforça essa idéia, na entrevista que deu ao Estadão. E vê-la na capa de seu disco, copiando a ideia da fotógrafa Annie Leibovitz, quando ela tirou a icônica foto de John e Yoko momentos antes dele ser assassinado, com sua esposa, foi de uma preguiça em clima de déja-vu. Se isso é “arte” para discutir algum assunto, mostra-se o quão frágeis ainda somos de ideias. Mas para bater tambor, Daniela não desaponta.


Foi noticiado na Ilustrada uma montagem para teatro de “O Homem que caiu na Terra”, filme estrelado por David Bowie, nos anos 70. Mas como não consigo ver ninguém cantar Bowie por achá-lo único, fiz uma cara de fale com a minha Melissa e fui dormir.