segunda-feira, 26 de maio de 2014


Sábado, 24 de maio de 2014. Acordei com uma vontade de não querer sair da cama. O frio, finalmente, chegou em Sampa, pra dar uma amenizada no clima seco da cidade. Depois de uma eternidade pensando no roteiro do dia, pensei em sair um pouco da dieta e me jogar numa bela feijoada. Quis escutar um disco num volume bem alto e o escolhido foi Neil Young. É impressionante o quanto o tenho escutado com mais frequência e o quanto tenho ficado mais fascinado pela obra dele. Ao mesmo tempo, faço um autoflagelo, me questionando por que eu não o conheci e o escutei há mais tempo e só agora – de 2 anos pra cá, tenho redescoberto suas composições. Liguei para Clóvis, um amigo querido que não via há tempos. Nosso último encontro tinha sido ano passado...numa feijoada. Também está fazendo dieta, para continuar (parecendo) jovem. Combinamos de nos encontrar no Chopp Escuro. Vi Clóvis e Angel aguardando uma mesa. O restaurante tem como público habitual as bichas velhas que moram por perto. Era muita concentração de naftalina por metro quadrado. Angel está com um bigode, agora. Disse a ele que estava mais jovial. Ele disse que os amigos não gostaram, mas Clovis tinha curtido. Então eu disse: fodam-se os amigos. Em meio a algumas batidas de maracujá, que tomamos compulsivamente enquanto a feijoada – que demorou muito, diga-se de passagem – não chegava, colocamos a prosa em dia. Angel comentou que enquanto estavam aguardando do lado de fora uma mesa, três pedreiros – daqueles bem rústicos – passaram pelo restaurante e um deles, olhando para meus amigos, disse: “nossa, hoje está um dia perfeito para fazer um filho”. Gargalhei e complementei que, se estivesse junto, diria: “me engravida!” (risos).
Me encontrei com Clau às 16h no metrô Faria Lima, para vermos a exposição da Yayoy Kusama, no Tomie Ohtake. Precisava urgente de um café expresso, mas ao redor da estação, não tinha opção de boas cafeterias. Fomos na comedoria do Sesc Pinheiros. De lá, caminhamos ao Tomie. Estava cheio. Bem cheio. Me deu um desânimo na hora que entrei. Mandei todos à merda, mentalmente. Apesar do início de desânimo, acabamos vendo quase toda a exposição. Tive até uma relativa felicidade de ver bastante gente por lá. Mas pegamos fila em dois galpões onde se concentrava as obras de mais impacto da Yayoy. Vendo sua obra, pensei o quanto Andy Warhol bebeu de sua fonte. Louca, insana e genial. O que me chamou a atenção foi o fato dela ter ido voluntariamente morar em um hospital psiquiátrico, desde 1977. Quero muito voltar, para terminar de ver. Suas pinturas, feitas no pós-guerra, na década de 1940 são de arrepiar. Para passar o tempo na fila, ficamos tirando sarro de algumas figuras que aguardavam também a entrada. Tinha um ser que era a cara daquele produtor musical, o Carlos Eduardo Miranda. Numa tecla de repetição, comecei a fazer uma versão de Ciranda, cirandinha, para Miranda, Mirandinha.
Cheguei em casa cansado. Tinha uma festa para ir na Blue Velvet de uma colega de trabalho. Mas, fui informado que a festa tinha sido transferida para outro lugar, bem mais longe. Pedi um sinal a Deus, se iria ou não encarar o frio e o trânsito, e Ele me deu: estava passando o documentário sobre os Titãs, no GNT. Na sequência, reprise de Downton Abbey – meu elixir aúdiovisual, atualmente - que não tinha assistido na quinta passada. Aliás, um breve parênteses: o mesmo documentário tinha passado na mesma semana, em outro canal. Até a tv paga está sucumbindo a uma programação repetida. Há tempos. Depois do episódio eletrizante, fui me jogar na obra de García Márquez, que aliás, não paro de ler.