Alguns artistas me davam muito medo quando era pequeno. E Alberta Hunter era uma delas. Nascida em Memphis, Tennesse, Estados Unidos, começou profissionalmente a cantar aos doze anos. Mas após a morte prematura de sua mãe, desistiu da carreira de cantora no auge do sucesso para trabalhar como enfermeira num período que durou vinte anos, voltando ao estrelato apenas em 1977, aos 82 anos de idade, permanecendo nos palcos até sua morte, em 1984.
Vi poucas vezes Alberta na TV. Mas quando a via, me assustava. Ela me lembrava a bruxa má do leste (ou oeste, whatever!) do Mágico de Oz, com aquele vozeirão grave e estrondoso.
E quando se apresentava, era como se tivesse incorpordado a Heleninha Roittman, de Vale Tudo! A mulher parecia ter tomado um banho de imersão de Red Label! Ou melhor: de Dimple, pois ela era coisa fina!
Quando Alberta morreu, fiquei imensamente triste com a sua morte. Tinha acabado de sentir de perto a morte de um ente querido com a morte de minha avó materna, falecida em 1983, aos 62 anos. Não fui ao enterro dela pois meus pais decidiram me poupar. Como se fosse resolver alguma coisa...
Como queria muito passar para dor de perder alguém, acabei me apegando na doce e rústica bruxa má do leste (para os mais puritanos, a essa hora da noite, vai ficar difícil acertar em qual ponto cardeal a louca de Oz morava!!!), que só conhecia virtualmente em uma simples televisão "National" (marca de tv na epoca) e que me deliciava em ver a sua maneira peculiar de interpretar grandes canções de jazz norte americano.
Só retomei ao mundo de Alberta vinte anos depois. Um dia, na casa de meu amigo Dante, nos aprontando pra sair, ele colocou uma música que imediatamente me remeteu àquela jovem senhora de idade. Eu não acreditava que ele, assim como eu, tinha ótimas lembranças quando ouvia Alberta Hunter em seu aparelho de som.
Saímos de sua casa com a alma leve. E prontos para dançar ao som de clássicos dos anos 80!
Afinal, Alberta precisava de repouso!