domingo, 14 de agosto de 2016


São Miguel dos Milagres. Fiquei na dúvida se faria o passeio de jangada para conhecer as piscinas naturais. O dia estava nublado e resolvi não fazer nada e ficar na pousada. Fiquei me debatendo do por quê de eu estar tão fascinado por "On the Road", do Jack Kerouac, se eu estava detestando as personagens. O alter ego de Jack – Sal, era subserviente demais ao limitado, porém esperto e oportunista Dean.   Achei melhor arejar a cabeça e fui tomar um mormaço. Fiz amizade com uma mulher, daquelas bem gostosas que nem precisa fazer força para ser bonita. Muito simpática, era de Brasília. Estava com um casal de amigos, acho.  O moço era uma graça, apesar de feio e gordo e a menina era a anti-social da turma. Como ela não tinha tamanho pra falar comigo e não havia nenhum banquinho para ela conversar de igual para igual, eu a ignorei. O papo estava ótimo com os dois e a imbecil resolveu se retirar. Adoro fazer a Maria de Fátima featuring  Downtown  Abbey (risos).



Elvis, o gerente charmoso, tinha ido resolver uns assuntos da pousada. Nildo, o cozinheiro tinha faltado e só estava Johnny. Começamos a papear. Falou que era casado e que tinha dois filhos. Aí olhei de cima embaixo o garoto e pensei “que energia esse baixinho tem pra fazer filho” (risos). Um menino daquele tamanho e já bem vivido. E sempre sorridente. Perguntei a ele o que o deixava triste, pois já tinha elogiado sua alegria espontânea. Resolveu titubear na resposta, mas não se esquivou por completo:  lógico que ele também sentia tristeza, mas sempre arranjava estímulo em alguma boa graça no decorrer do dia. Sempre encontrava algo que lhe fazia sorrir.E  Johnny tem um sorriso encantador.

Perguntei por Elvis o dia todo e Johnny queria me tranquilizar. Mas ele (risos) não conseguiu porque eu já estava com fome. Tinha dado uma caminhada pela praia e queria fechar o passeio. Foi aí que aconteceu o inusitado. Johnny disse sem interesse nenhum (isso não é uma ironia, ok?) que tinha sido guia em São Miguel. Aí meus problemas acabaram. Perguntei a Johnny se ele poderia ser o meu guia. Ficou com um sorriso estampado nos lábios e disse que topava, mas ele teria que falar com Elvis para trocar de folga, pois ele descansava às quintas e eu já não estaria mais em SMG. Como tudo dependia do charmoso Elvis, desencanei e fui almoçar. Antes de sair, a surpresa boa do dia: recebo um whatsapp de meu amigo Jorge, avisando que estava com a família em São Miguel dos Milagres. Estava me esperando no bar do Enildo. Como já tinha ido almoçar por lá, resolvi ir comer no Luna. Respondi que passaria por lá para dar um oi.


Almoço no Luna, restaurante com pinta de sofisticação, mas atitude de buteco de rodoviária. Falo mais na postura dos funcionários. No cardápio, por exemplo, eles não faziam meia porção, para uma pessoa comer. Isso porque todos os que eu tinha frequentado, tinha pratos individuais ou flexibilidade para preparar almoço para uma pessoa. Nilzete, a garçonete viu minha cara de  “filho de farmacêutico”  e sugeriu que eu pedisse um peixe com algumas guarnições (Peixe, arroz, salada e batata mais suco de laranja: R$69,30)


Fui caminhando, para fazer a digestão até o bar do Enildo. Mas Jorge não estava lá. Vi apenas os pais dele tomando aquela cerveja com nome de bebida  barata. Eu os cumprimentei. Senti que a mãe dele não ficou muito animada em me ver. Sempre achei que ela não simpatiza comigo. Talvez por me achar muito (risos) “fresco”.  Mas quem se importa? Bati um papo com eles e voltei à pousada. Fui caminhando pela praia, com a voz de Gal, contemplando a beleza do mar.