segunda-feira, 15 de agosto de 2016



São Miguel dos Milagres. Olha só as coincidências boas da vida: chegando na pousada, acabo descobrindo que Jorge tinha passado por lá com sua irmã, Eunice. Falei a Johnny que um amigo estava em São Miguel e quando eu disse que meu amigo era (risos) do tamanho dele, ele comentou que um moreno do mesmo tamanho que ele tinha passado lá com  (risos) sua “esposa” para alugar caiaque. É que Johnny se referiu a eles como um “casal”.  Falei mais uma vez pelo whatsapp com Jorge e combinamos de dar uma volta à noite. Queria levá-los para o Manzuá. Aproveitei para ler revistas. Enquanto folheava a Superinteressante, deixei alguma besteira na tv ligada. Era a tal novela do momento, "Êta Mundo Bom!" Nem sei porque faz tanto sucesso. Novela requentada com uma história que já vi diversas vezes em outras tramas de roça. E eu estava sem saco para escutar sotaque caipira. Deixei na tecla mudo.


Jorge e sua irmã Eunice passaram para me pegar às 20h30. Estávamos realmente muito próximos. Eles desembarcaram em Aracaju, ficaram uns dias por lá e resolveram alugar um carro para chegar até São Luís, no Maranhão, passando por Milagres e Recife. Contei a eles que Johnny tinha achado que Jorge era “casado” com Eunice e caímos na risada. E admiti estar encantado pelos meninos de Milagres. Chegamos no Manzuá, os apresentei a Veloso e pedi para caprichar na caipirinha de limão, capim santo e manjericão. Eles me contaram que tinham amado a foz do rio São Francisco, em Sergipe. De fato, é um lugar para lavar a alma. Pedimos uma porção de camarão com um tempero caprichoso de Veloso. Ficamos no lado de fora do bar. Vários meninos passavam de bicicleta jogando todo charme que um bofe genuinamente alagoano tem. Eram muito abusados. Sugeri da gente ir até a Pousada do Sonho para ficarmos um pouco na praia e conversarmos de forma mais (risos) “aberta”.

Chegamos na pousada e fui apanhar duas cangas para sentarmos na areia da praia. A lua estava magnífica. Ela estava clareando e abençoando a boa vibe que estava conosco. Queria saber se tinha rolado alguma sacanagem com eles e Eunice começou a gaguejar pra responder (risos). Jorge deu a deixa para que ela contasse de uma ménage que tinha rolado em Aracaju. Estávamos pra lá do Mundo de Alice. Eunice criou coragem e contou que tinha conhecido um casal numa casa de forró, acho. Se conheceram e  começaram a conversar. Aí ela percebeu uma (risos) mão boba da mulher, se esfregando nela. Perguntei a Eunice se ela fez cú doce, mas ela resumiu falando que foi pro apê deles. Queria então saber quem comeu quem, quem se beijou, quem fez (risos) fio terra em quem e ela se recolheu na sua timidez. Vez ou outra, passava pela areia da praia um cachorro preto, querendo chegar perto. Como eu gritava “fica longe, inseto” ele não se aproximava. Começou a chorar pois queria passar por nós para continuar a sua caminhada noturna. Eu consenti (risos).



O papo com Eunice estava ótimo, dávamos muitas risadas, mas Jorge quis ter um momento para ficarmos a sós. E eu queria que Eunice ficasse justamente para não ficarmos a sós. Ela ficou sem jeito, mas Jorge insistiu para que ela fosse embora. Me despedi dela e ficamos nós dois a conversar. E aí o que eu previa, aconteceu: Jorge começou a falar de uns assuntos tão demodê para ambiente! Quer dizer, eu estaria na frente da praia, ouvindo o barulho do mar, contemplando a lua cristalina que estava brilhante, para falar de qualquer assunto, MENOS sobre crise existencial. E quando ele começou a falar do seu processo de auto aceitação (oi?) eu simplesmente olhei pra Lua e me “desliguei”. Até que chegou uma hora e eu delicadamente sugeri que ficássemos apenas canalizando nossa energia para contemplarmos todo o nosso entorno. Ficamos mais um pouco na praia, mas infelizmente me bateu o sono. Nos despedimos e Jorge foi caminhando pela praia. À medida que ia entrando na pousada, ia observando os passos de Jorge numa cena bucólica. Faltou acrescentar uma boa música do cancioneiro popular para trilhar os passos desse mini Rasputin. Combinamos da gente se ver no dia seguinte. E sem terapia.