Depois de duas horas ritualísticas, saí do consultório de Dra. Letícia e estava faminto. Fui descendo devagar para tentar fazer comunhão com a região do Higienópolis. Aqueles prédios antigos, de arquitetura estonteante. Algumas placas de "Vende-se" estapeadas na minha cara. Fiquei contemplando o céu e supliquei ao Pai para eu ficar "rica" (risos). Me poupava de juntar o "montinho" de 50 anos para pensar em morar por lá. De repente me veio uma vontade louca de comer um strogonoff de filet mignon e a saída foi ir na padoca Baronesa, chamada agora de (risos) Baronesa Boulangerie Patissêrie. Isso é realmente (risos) constrangedor. Brasileiro é de uma presunção ímpar. A história dessa padaria é bem interessante: antigamente ela era gerenciada por um fulano que torrava o dinheiro para cheirar pó. A padaria era horrível, parecia um IML: paredes brancas mal cuidadas e com alguns fungos. Em pleno Higienópolis. Depois de anos em decadência, um cara se interessou e conseguiu fechar negócio. Comprou a padoca e deu uma repaginada. Ia sempre com Betina almoçar, o local ficou super agradável. Começaram bem no atendimento, decaíram mas agora voltou a dar um hype. Apesar do site da padoca estar "fora do ar", tem um link para mais informações:
Almoço na Baronesa. Nunca comi com tanto gosto o strogonoff de filet mignon (Almoço com dois sucos mais um expresso, além da coxinha de entrada; queijo, leite e pães - R$78,90). O que achei interessante foi poder ver pessoas de fato conversando
sem o nosso controle remoto pós moderno, o celular. Eu ouvia vozes (risos). Fora uma gracinha de menino que fica no balcão. Ele é meio tímido, ficamos apenas no flerte visual. Me apressei em retornar ao apê. Já era fim de tarde e continuei caminhando até chegar em casa. No caminho, passo por duas "alguém" que estavam saindo do
trabalho, do shopping. Estávamos caminhando mais ou menos juntos, eu estava um
pouco a frente. Eram lindas. Tão lindas que nem olhei pra trás. Quando penso que o silêncio vai predominar, a voz de sirene do SAMU de uma delas grita, afinal de contas se tem algo que mulher sabe fazer - e bem, é não ter, digamos, "classe" (risos). Falam muito alto. Ela começou a falar: "ai, amiga, fui pedida em noivado!" A outra, não demonstrando nenhuma reação - por ser feia e saber que nunca terá um bofe que fará esse (risos) sacrifício por ela, esboça um disfarce e grita: "ai, amiga, não acredito. Parabéns!(Falsiane incoporou nesse momento). Mas diga, me conta como foi!" (tom de inveja). Fiquei escutando o rosário meditado dela, daquelas histórias de filme romântico, que toda adolescente punheteira adorava assistir na Sessão da Tarde, nos anos 80. Mas de repente, notei algo estranho no tom da voz, que mudou para uma forma infantilizada, como se ela acabasse de ganhar uma Barbie Faz Aborto, bradando seu "conto de fadas de felicidade". Fiquei pensando que eu acrescentaria a palavra "momentânea" para a ocasião (risos). E então veio aquele momento de fazer a Fadinha da Verdade e contar que o conto de fadas dela teria prazo vencido. Venceria no começo do dia de seu casamento. Mas nesse caso, não há como ajudar. O jeito é deixá-la sofrer para cair a ficha de realidade. Acho que ela precisa de "anticorpos" no corpo. (risos)