O sábado amanheceu num dia típico de outono. Assim que acordei, abri a
porta de acesso à sacada e senti um vento gelado e ao mesmo tempo um clima
abafado. Interfonei para o porteiro do prédio, perguntando a ele como estava a
temperatura no prédio. Só que ele começou a ter devaneios e fazer uma dissertação
sobre o clima. Pra quem acabou de acordar, isso é um convite para o sepulcro. Mas
fui paciente dele me dar a sabatina. Me colei, desci na expectativa de curtir
um frio. Porém, num ledo engano, descobri que a análise do tempo do funcionário
não ajudou em nada. Break
stop na lanchonete para um rápido café da manhã, na esquina de casa.
Cheguei e fui prontamente atendido por uma simpatia de pessoa. Por que
as pessoas simpáticas são geralmente as mais feias? Acho tão injusto. Poderia
vir no pacote, não? Bonito, simpático... e afim (risos). Ele já foi me
conquistando, perguntando: “vai querer o que, jovem?” Deveria ter dado uma
gorjeta pelo “jovem”. Pedi um pão de queijo de Itu que estava com cara boa (era
um pão de queijo enorme) e um suco de laranja sem gêlo. Para garantir a
satisfação do cliente, ele gritou para o outro atendente, que estava na ala de
preparação dos pedidos: “Ô Nhonho, prepara um suco esperto para o jovem aqui”.
De repente, eles começaram a se alfinetar e jogar uma verdades um na cara do outro. Tudo na maior camaradagem
(risos). Deixei eles se estapearem, enquanto me atentei ao gerente que estava
no caixa. Um tipo rústico que adoro. Enquanto fantasiava em minha mente sadeana
uma (risos) "amizade fácil", meu anjo da guarda jogou um balde de água fria ao
ver o “tamanho” do menino. Só pra se ter uma ideia, acho que o Tattoo, da ilha da fantasia, era bem maior
(risos). Antes de ir ao caixa pagar, o Nhonho ficou cantarolando uma música que
nunca escutei, era mais ou menos assim: “sou
diferenteeeeeee, mas queeeeeeeero amar aaaaalguém”. Foi comovente. Tão
comovente que fiquei de costas (pão de queijo e suco – R$7,50). Mesmo com táxi
na frente da lanchonete, preferi caminhar até o consultório da Doutora Letícia,
para consulta de homeopatia. E o randômico do Ipod estava abençoado no momento.
O caminho pelo Higienópolis, como sempre, é agradável. Prédios com
arquitetura ímpar, bem conservados, região arborizada. E a instabilidade do
outono castigando minha caminhada. Em intervalos de 10 segundos, queria tirar e
ao mesmo tempo manter minha blusa de frio. No meio do caminho, o arrependimento
de não ter pego um táxi. Meu pulmão ainda estava cansado, depois de um período doente.
Aproveitei para colocar o pensamento em ordem sobre alguns acontecimentos desde
o começo do ano que me deixaram reflexivo e, mais uma vez, precisei me recolher
para um mergulho na introspecção. Mas vou explicar melhor.
O ano de 2016 começou bem e não tenho que reclamar. Passei a virada de
ano na Chapada dos Veadeiros, um templo divino onde consegui abstrair e
esvaziar minha mente, meus poros, meu espírito, para ter a sensação de pertencimento
ao lugar. Em casa planta, folha, bicho, rios, cachoeiras, rochedos eu vi o dedo de Deus em todas essas obras criadas por Ele. Fui com Juçara nessa
viagem e pretendo dar detalhes da viagem, apesar de Juçara ter me estressado
com algumas posturas, digamos, desnecessárias da parte dela, além de perceber o
quão moralista ela é. Mas não vou desenrolar o terço desse assunto agora.
A vida profissional está "no automático". Há algumas indefinições do que vai acontecer com a TV e isso tem me desgastado bastante. Me incomodo quando tenho que acordar e ter que colocar a relação de trabalho como uma mera rotina. Haja energia para
administrar.Também tive perdas irreparáveis no decorrer do ano de 2015 e 2016, amigos
queridos e ícones consagrados que tornaram minha vida mais intensa e colorida. Fiquei devastado com a morte de David Bowie e é lógico que farei um texto
a respeito. O maior artista da Cultura Pop, que se alimentou de várias referências em diversas vertentes artísticas para conseguir, através delas, criar algo original e manter por décadas sua marca e sua contribuição
com a música e outras linguagens por onde se enveredou, como a literatura, a moda,
o cinema, o teatro, as artes visuais. Michael Jackson que me perdoe, mas quem revolucionou
a maneira de se fazer videoclipes e usar esse mecanismo como forma de divulgar
sua obra foi Bowie. Fora sua originalidade em revolucionar a estética de se fazer
shows. Tanto Jackson como outros grandes, como Madonna, U2, Prince e tantos outros genéricos desses têm a obrigação de pedir a benção a David Bowie. “Blackstar” sedimentou
sua lápide e seu merecido lugar no panteão dos Grandes Ícones da Cultura.
Uma avalanche de acontecimentos fez com que eu me desestabilizasse emocionalmente. E o resultado foi mais uma vez contrair uma pneumonia que me derrubou por 3 semanas. Foi um período doído, de todas as formas. Somente nesta última semana pude ouvir que clinicamente estou curado. Mas o ano está só começando e eu ainda me preocupo com meu estado, mediante à proliferação de uma gripe que tem evoluído rapidamente – a H1N1. Eu fiquei assustado em ver uma fila de pacientes aguardando vaga para internação no hospital Samaritano. Fora a dengue e seus derivados, como o zika e outros genéricos deste mosquito asqueroso. Realmente triste. E pra deixar a gente mais apreensivo, temos acompanhado em vários noticiários a crise política que temos passado. Uma amiga querida – Lara, que conheci
Ufa! Enfim nasceu o primeiro texto do blog em 2016.