terça-feira, 5 de abril de 2016



Quando a água respinga no rabo, você cria vergonha na cara e volta a se apegar com benefícios que um dia deram certo em sua vida. Por exemplo, a homeopatia. Quando eu era pequeno, eu era uma criança bem problemática, cheia de problema de saúde. Tive uma bronquite terrível durante minha fase lactante e primeira infância. Era infernal ter que passar em várias mãos médicas para saber a solução para o impasse da crise broncorespiratória. Depois de eu quase matar minha mãe de cansaço para tentar descobrir o santo antídoto para aliviar meus brônquios, ela descobriu a homeopatia. Me tratei por anos, até porque a homeopatia é lentamente processual. Tem que persistir na cura. E depois de anos, me senti curado. Lembro me disso e fico pensando o quanto fiz minha mãe sofrer, desesperada com minha situação. Se bem que (risos) pensando melhor, ela até que mereceu.


Com os períodos de instabilidade emocional - que se instala em meu corpo como uma pneumonia, resolvi injetar ânimo nos meus pulmões para criar resistência ao vírus. Marquei consulta com a Dra. Letícia no último sábado. Um dia atípico para ir ao médico, vamos combinar. Cheguei melecado de suor por causa do sol mesclado com vento, o que significou que eu não podia tirar a blusa por prevenção para virar um tostex no consultório. Cheguei pontualmente no horário da consulta marcada, às 11h40. Cumprimentei a secretária, uma dessas meninas estilo “pervas”, mas muito educada. Deixei meus documentos e fui urgente ao toilette. Lavei o rosto com água fria, mas nem adiantava. Detesto parecer um refugiado do Afeganistão. Voltei, sentei-me no sofá, incomodado com o suor se esparramando pelo meu rosto, mas sem perder a pose e por lá fiquei um bom chá de cadeira. Tinha uma fulana do meu lado que, pra variar, não se relacionava, só ficava se conectando com seu "controle remoto" da Samsung. Fiquei na leitura, me auto flagelando com o livro do Zygmunt Bauman, “Amor Líquido”. A perva secretária me chamou para pagar a consulta (consulta médica R$200,00) e aproveitou para me oferecer um capuccino. Tomei um sabor “suíço” e estava uma delícia. Também me informou que consulta homeopática geralmente demora, “dependendo da pessoa”. O interfone tocou e a secretária que não me lembro o nome abriu para entrar uma mulher extremamente gripada. Pronto, minha tranquilidade se anulou, fiquei morrendo de medo dela me passar algo. Pra ajudar, era bem arrogante. E tinha uma postura toda torta, parecia uma anfíbia dissecada (risos). Pela cara acho que sofre de prisão de ventre. Deve sair cimento do rabo dela, coitada. Perguntei a ela sobre a notícia que estávamos acompanhando no SPTV com aquele gostoso do César Tralli e ela deu uma resposta como se tivesse fazendo um favor em conversar com o “mortal” aqui. Aí eu cheguei a conclusão de que iria demorar muito na consulta (risos). Imagina se ela fosse antes de mim? Acho que encontraria a Dr.a  Letícia (risos) enforcada, de tanta energia perdida com a infeliz.


E foi ótimo vê-la. Trabalhamos juntos no SESC. Foi ela que me orientou a fazer terapia e me indicou a terapeuta com quem estou até hoje. Conversamos muito, demos muitas risadas, essa descontração foi importante para me abrir com ela e colocar na pauta tudo o que anda me incomodando, tanto físico quanto emocional. Falamos da perda do Bowie e daí me deu um clic  de chamá-la para ir em casa para uma audição do Camaleão, ao lado de um bom vinho. E ela topou. Me examinou e ficou feliz pelo meu pulmão ter saído do estágio terminal. Me receitou dois remédios em glóbulos, uma versão turbo advanced plus de Floral e uma caralhada de exames, entre eles a polissonografia. Ter que dormir com aquela infinitude de fios pelo corpo é de dar uma sensação estranha. Fico me sentindo uma cobaia abduzida pelos ET´s para "estudos"(risos). Ah, e  tem também a nasofibro..alguma coisa, que desconfio que seja um exame desconfortável de fazer. Vão colocar um micro filme pelo nariz para ver a que ponto eu estou cagado por dentro para tratamento de ronco e apneia.

Cumpri minha meta e fiquei duas horas em consulta. Me despedi de Letícia, saí de sua sala, dei um tchau para a secretária perva, já imaginando em qual “pancadão” ela iria se divertir à noite. Quanto à anfíbia,  estava lá já mimetizada com o sofá. De tanta raiva que estava em esperar (risos).