terça-feira, 19 de julho de 2016



São Paulo-Maceió-São Miguel dos Milagres. Estava bastante cansado com a viagem. Cheguei por volta de meia noite e meia em Maceió. João Carlos, o motorista, junto com seu assistente que esqueci o nome,  me aguardava no aeroporto. O percurso até São Miguel levaria mais duas horas para chegar. Pedi para ele passar no posto para comprar água e petiscar besteira. No caminho, falamos de vários assuntos e política não poderia ficar de fora.  Num flash rápido, ele me contou que quem manda realmente em Alagoas é o Renan Calheiros. Aquele coronelismo básico que todos sabemos como é. Perguntei sobre a morte de PC Farias, porque dia desses saiu uma reportagem dizendo que ainda não havia indícios do mandante do crime, mas João Carlos pontuou que “todos em Alagoas sabem quem matou, mas o dono de Alagoas abafou o caso”. Perguntei sobre Lula e a opinião se dividiu: João Carlos defendeu o ex-presidente e seu pupilo assistente criticou o populismo de Lula e a ganância do PT. Aí eu vi que o menino assistente resolveu existir. E (risos) não parava mais de tagarelar. Achei ótimo. Ele acabou me falando que iria casar, que seu filho já estava pra nascer e que ele se sentia bem com responsabilidade de cuidar de uma família. Aos 20 anos, apenas. Disse no meu ponto de vista que nessa idade ele deveria mais era curtir a vida. Espero não tê-lo desanimado.

Chegada na Pousada do Sonho às três da manhã (http://www.pousadadosonhoalagoas.com/). Fui recebido pelo vigia. Me despedi de João Carlos agradecendo o papo. Quando estava prestes a entrar em meu quarto, ouvi um barulho de mar e o vigia percebendo minha euforia avisou que a praia estava logo atrás da pousada. Pedi para ele me levar até o mar e o visual me arrebatou. Com a Lua banhando as águas de Milagres, fui dormir, ansioso para chegar o dia.


Acordei bem disposto e fui tomar meu café. A pousada tem uma maneira peculiar de servir o breakfast. Há um cardápio com várias opções. A atendente chega, marca seu pedido e vai providenciar o desjejum. Achei interessante essa maneira de servir o café. Pensei que seria uma dinâmica de não se desperdiçar comida. Ponto pra eles. Me apresentei para o gerente da pousada, o Elvis. Tem apenas 23 anos e extremamente responsável, uma graça de menino arisco. Pedi dicas do que fazer pelo dia nas proximidades da pousada. Ouvindo ele falar, veio um sorriso em minha mente, me encantando com o sotaque peculiar alagoano. Um charme escutar. Acabei optando por caminhar até o rio Tatuamunha, que acaba desembocando no mar. No caminho, vi um menino fazendo um treino e fui me dirigir a ele para perguntar se estava perto do rio. Ele me olhou com olhar desconfiado e percebi que ele não era da região. Não soube me responder. É jogador de futebol e estava treinando na areia. Tinha um leve sotaque europeu. Me despedi e fui até o rio me banhar.


Fiquei horas tomando sol, curtindo preguiça e dando início ao processo de desaceleração. A cabeça ainda estava um pouco ligada com algumas questões que preciso resolver quando voltar, a ponto de mentalizar situações corriqueiras de como resolver alguns impasses. Aí me levantei da canga, dei um belo mergulho para desovar problemas, stress e vãs preocupações. Estava mais do que na hora de me dar o direito de aquietar. Na volta, decidi estender a caminhada até chegar no restaurante Eco para almoçar (caipirinha, água com gás mais entrada e prato principal: R$92,00). Voltei pela praia com a grata surpresa de ser presenteado com um pôr de sol maravilhoso.