sexta-feira, 18 de setembro de 2015



Nunca pensei que 15 dias de licença passassem tão rápido. Quer dizer, foi necessário um breve intervalo para me recuperar da cirurgia. Foi ótimo ficar incubado no meu apê, pois fiz muitas coisas que sempre vinha adiando em resolver, além de (risos) não ter que ver ser vivo nenhum. Na verdade quase, pois minha irmã cuidou de mim durante o repouso. Pra começar, cataloguei os mais de 1000 cds que comprei até hoje. Já tinha feito uma planilha organizada da seguinte forma: nome do artista ou banda; país de origem; quando foi a primeira vez que ouvi ou vi esse artista; quais os singles de sucesso do disco; qual minha música preferida, ano de produção do álbum; e para finalizar, qual foi o destaque do álbum nas principais paradas de música pop. Para quem, como eu, que adora Top 5 de qualquer coisa, foi um prato feito. Uma terapia caseira (risos). Mas eu apenas dei start. Tem muito o que trabalhar ainda.

Aproveitei a mente desacelerada para me atualizar sobre o lamaçal da nossa política brasileira. Não sei se foi efeito dos remédios que eu tomava, mas cheguei a acompanhar em tempo integral a acareação feita entre o doleiro Alberto Youssef e o ex diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto da Costa, sobre o esquema da Lava-Jato. É impressionante o talento dos parlamentares que nos representam criar um misancene digno de fazer Gilberto Braga ter inveja. Ele bem que poderia ter assistido esse “programa” para inspirá-lo a escrever a reta final do fiasco de Babilônia. Porque a Babilônia do mundo real estava na minha frente, com cada parlamentar fazendo sua interpretação digna de uma commedia dell arte. E eles nem precisam de máscara para fingir (risos). Aí um parlamentar fazia uma pergunta em forma de dissertação que demorava alguns quinze minutos, para chegar na vez do doleiro responder e ele dizer: “mantenho meu direito em não responder a essa pergunta”. Quer dizer, já se sabe que ele aprontou e ainda tem direito a não falar nada? Somos um país de vigésima quinta quando o assunto é lei. Ah, e vi também a sabatina de 60 horas do Ministro Janot com os senadores. Ver Collor dando piti, xingando Janot por duvidar da sua índole, para quem renunciou por ter se envolvido em um lamaçal de corrupção quando era presidente, põe qualquer programa de humor no chinelo. Parafraseando Ângela Ro Ro , foi “a vida é mesmo assim” ao vivo. E foi hilário.


Coloquei a leitura em dia. Retomei Nietzsche, Padre Antônio Vieira e comecei a lei um livro de ficção. Senão eu ficaria (risos) louco só de ficar lendo esses instigantes e demoníacos pensadores. Comecei a ler "Gente Independente", de um escritor islandês chamado Halldór Laxness. Ele foi ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1955. Ganhei de presente de Betina. O curioso foi que, ao abrir o livro, vi um cartão da beasha pelo presente que ela me deu, datado de 2004. E eu fiquei (risos) perplexo comigo. Como assim, um livro esperar 11 anos para começar a ser lido? E já estou devorando o livro, pela narrativa despojada utilizada pelo autor para contar uma história comum. Vai ser o único livro que levarei na viagem de férias.


Depois dos 15 dias, retornei ao Dr. Iron. Minha irmã que ficou comigo durante toda a recuperação, me levou ao consultório. Quando entrei, cumprimentei dr. Iron, nos sentamos e começamos a conversar. Pela primeira vez, o vi como outra coisa que não fosse apenas médico. Quer dizer...(risos)...vocês entenderam. Me examinou, ficou feliz com o resultado da cicatrização que está caminhando bem, me deu autorização para viajar, mas para ter ainda alguns cuidados, como não fazer esforço físico, não andar na garupa de moto, não (risos) abrir tanto as pernas. Tudo escrito e armazenado, como um “salvar como”. E com o roteiro de viagem já matutando em meu cérebro.