Algodoal - Marudá - Castanhal - Salinas. Acordamos com muita preguiça, mas sem ter o que reclamar. Algodoal deixava uma linda impressão de um lugar onde não se precisa ter muito para ser feliz. E pensar que muitas vezes reclamamos por tão pouco. Tomamos nosso café, acertamos com Sávio e ficamos na recepção aguardando nosso carregador, Alexandre. Juçara acertou o restante que estávamos devendo (diária: R$96 por pessoa, cada uma em seu quarto). Alexandre apareceu meia hora adiantado para levar nossas bagagens. Esqueci de mencionar que Alexandre tem um apelido na vila - Passarinho. Passarinho tinha passado pela pousada um dia antes para confirmar nosso horário e acabamos batendo um bom papo. Ele tinha acabado de sair da Igreja do Evangelho Quadrangular, onde segundo ele, “atua” (risos) como cantor. Estava uma graça. Me fez algumas perguntas curiosas e respondi a todas. Por um instante, ficamos nos olhando e nos comendo com os olhos, mas num rápido ato reflexo, comentei com ele que também já tinha participado de grupo de jovens da Renovação Carismática. Ele me olhou com um olhar estranho, mas ao mesmo tempo ficou feliz com a informação. Eu realmente não sei dizer o que me fez jogar essa notícia, mas senti que não deveria ficar expondo ele e nem a mim. Quando falei que já tinha freqüentado uma Igreja, ele abriu seu coração, dizendo que (risos) "se prostituía com outros homens". Lavagem cerebral no seu melhor estilo.
Chegamos no porto e ficamos
aguardando nosso barco. Aí vimos que os “downtons abbeys do brejo” iriam
embarcar no mesmo barco (te ajudo a descobrir quem são: http://omundodelira.blogspot.com.br/2015/09/o-dia-amanheceu-com-um-sol-lindoe.html). Ficamos sentados olhando a bela paisagem
de Algodoal e já sentindo saudades da atmosfera do lugar. Vimos Frank chegar,
mas ele não quis se aproximar. Timidez típica de um brejeiro morador da
vila. O barco chegou atrasado. Entramos
para pegar lugares bons. Passarinho deixou nossas bagagens e se despediu. À
medida que o barco se distanciava da Ilha, meu coração se apertava, já com
muita saudade desse belo repouso da alma.
Durante a caminhada do barco até
Marudá, Juçara teve enjôos. Joguei um pouco de água fria em sua nuca para ver
se passava. Melhorou assim que chegamos no porto. Comprei uma água de côco para
mim e uma coca-cola para ela. Mandei um torpedo para Nelyssa, a taxista, avisando que
estávamos em terra firme. Ela já estava por lá nos esperando.
De Marudá até Castanhal, cidade
onde pegaríamos a van até Salinas foi uma viagem rápida (serviço de transfer:
R$160). Nelyssa é muito agradável. Viemos conversando sobre vários assuntos.
Tem dois filhos que moram em
Belém. Tem orgulho em dizer que se desdobrou pela educação
deles. Perguntei se ela tinha alguma religião, pois senti uma proliferação
gigantesca de igrejas evangélicas pela região. Ela nos falou que faz parte da
Assembléia de Deus e aí eu pensei “É, ela é quase perfeita” (risos). Decidi
provocá-la e perguntei o que ela achava do Silas Malafaia. E aí veio a
surpresa. Nos confidenciou que não
possui TV, não costuma entrar em internet e não saberia me responder sobre o
dileto pastor. Não gosta de ficar informada para não ficar mais descrente no
mundo. Mas com o que tinha de informações a respeito dele, acha que Malafaia
abusa do poder que ele acha que tem. Apesar de ser da Igreja, ela é ciente que
Deus olha o coração dela, portanto, não se abate com as regras impostas pela
sua fé, como por exemplo, de mulheres usarem apenas saias. Ela inclusive estava
de calça jeans dirigindo seu táxi. Também não está interessada em ter nenhum
outro homem em sua vida. Segundo ela, o povo de Marudá acha que Nelyssa adora
“amassar um Bombril”.
Como estávamos com fome, fizemos
um pit stop na estrada no Ponto do Queijo. Nelyssa nos levou para comer a
melhor coxinha feita com massa de macaxeira. Testado e aprovado por mim e
Juçara. O curioso é que a coxinha no Pará pode ter recheio de vários sabores.
Tive, por exemplo que pedir uma coxinha “sabor de frango”.
Nelyssa nos deixou num posto em
frente a rodoviária de Castanhal. Ela já tinha avistado a van para Salinas.
Descemos rapidamente, pegamos contato e nos despedimos. Não tivemos tempo para
dar uma descansada. Entramos na van para chegarmos até Salinas (van para
Salinas: R$20).
Como a van estava cheia, Juçara e
eu fomos para o banco da frente, ao lado do motorista. Ju olhou pra mim e disse
“Que bacana viajar aqui na frente, não”? Traduzindo para o modo Juçara de ser
“Não acredito que a gente veio sentar neste
lugar”(risos). A estrada de pista simples nos deu alguns momentos de diversão.
Tinha vários outdoors de roupas íntimas, de um mal gosto tremendo, não só pelas
vestimentas em si, como as poses das “modelos”. Nos perguntamos se faziam
parte de promoção de uma loja de apelo popular que vimos em Castanhal com um
nome, digamos, “original” para o nível do lugar: "Xepão" (risos). Ficamos rindo
de todos os outdoors que passavam por nós, quando avistamos um digno de um
filme pornô soft: um casal usando apenas calça jeans, o bofe deitado, com um
dos braços apoiando sua cabeça, fazendo uma pose deus grego e a menina (risos) cavalgando em cima dele. E sem sutiã. Em (risos) plena estrada.
Acredito que seu book de modelo vai fazer sucesso. Em algum bordel de Belém. Eu
não queria estar na pele dela.
Depois de 3 horas e meia, vendo
cidades à beira da estrada, avistamos a placa de Salinas, aliviados. Mas esse
alívio nos fez esquecer de avusar o motorista para nos deixar próximos à
pousada que iríamos ficar. Acabou nos deixando num posto de táxi, que nos
deixou na Pousada Fazendinha (táxi: R$20)
E até que enfim, vimos uma filha
do Pará que não poderíamos deixar de esquecer e prestigiar. Que sorte que ela
não estava fazendo pornô soft no outdoor.