quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Alter do Chão. Com o sol batendo na casa dos 40 graus, me recolhi para uma siesta, depois de Juçara e eu nos enfartarmos de tanto comer. Voltamos à pousada para tirar um cochilo. Como cheguei a relatar para o Diário, o nome da pousada que ficamos – Sombra do Cajueiro foi um dos critérios escolhidos para nossa hospedagem em Alter. Simples, mas extremamente aconchegante. Das pousadas que ficamos em nosso roteiro, foi o quarto que mais curti ficar. Ótima cama, ar condicionado funcionando sem excesso e sem falta. Wi-fi que funcionava no quarto, lista de lugares sugeridos  para você comer, além da sugestão de passeios e locais para se conhecer na região, algo que ficou devendo nas outras pousadas que ficamos. Fora o imenso cajueiro que ficava entre nossos quartos, exalando aquele cheiro de caju e oferecendo uma brisa boa em sua sombra.

Depois da cochilada, acordei para uma ducha. Já tinha combinado com Juçara de darmos uma volta por Alter para desbravar o lugar. Estava no pique de tirar fotos. Saímos da pousada e descemos reto em direção à praia. O sol já estava se pondo, quando chegamos para registrar aquele momento.

                                Fim de tarde em Alter do Chão

Fomos até a praça central, que fica em frente a orla do rio. Caminhamos por ela até dar fome. Voltamos para a praça e decidimos dar uma pinta no bar Arco Íris. Apesar do nome, não é um bar LGBT. O bar estava cheio, mas o esperto garçom já tinha nos visto e colocou uma mesa do lado de fora do bar. Ótima sacada dele, pois estava um fervo na rua. Sentamos e pedimos um suco de caju e um lanche. E bem relaxados, ficamos observando as pessoas ao redor. 


O clima estava propício para esvaziar a mente, quando chegou um mambembe, se apresentando às pessoas em voz alta, pedindo atenção de todos. Quando todos decidiram dar atenção ao moço, ele se apresentou como “artista” e começou a cantarolar. Só que depois de 10 segundos que começou a cantar, as pessoas perderam o interesse e voltaram à suas pautas de boteco. Eu fiz o mesmo, até porque estava inconveniente um som alto e ruim, se contrapondo com nossa agradável conversa. Quando o mambembe terminava de se apresentar, apenas um guapo de cabelos compridos aplaudia. Juçara achou que (risos) ele deveria ser o empresário do tal artista, já que só ele aplaudia. O guapo aplaudia de cara fechada, em ver a falta de vontade das pessoas em ouvir aquele barulho. Quer dizer, se o artista fosse bom, a situação seria outra, não é mesmo?


Vendo a reação das pessoas, o menino decidiu sair com dignidade, se despedindo e (risos) agradecendo a atenção. E nós aplaudimos por, até que enfim, ele ter parado de tocar. Quando tudo parecia ficar calmo, sem mais nenhum incômodo sonoro, eis que surge o guapo pedindo (risos) atenção de todos para sua “performance”. Pelo menos era mais interessante de se ver: pele morena, cabelos a la Jesus Cristo Superstar e falando em espanhol. Tinha pinta de neo hippie. Descobrimos depois com nossos ouvidos de tuberculoso que ele era da Venezuela e estava peregrinando pelo baixo Tapajós. Com a beleza em destaque resolvemos prestar atenção no moçoilo, até ele abrir a boca e gritar pra todo mundo ouvir: “Guantanameeera...” (risos). Quer dizer, demos atenção para o “artista” mostrar seu trabalho, pra ele começar seu repertório cantando algo tão previsível! Felizmente nossos lanches chegaram e continuamos nosso papo, sem perder o fio condutor da narrativa. Voltamos à pousada para guardarmos energia no dia seguinte.