São Paulo – Guarulhos – Fortaleza. Aproveitei o dia D de abertura das mesas de trabalho para o início das viagens e me organizar: roupas sujas a lavar, pagar contas atrasadas, retirar dinheiro para qualquer eventualidade durante o roteiro da expedição e terminar de fechar minha segunda viagem para uma das cidades mais antigas, na região sul do país (vou detalhar aqui depois, já que o blog segue a linha cronológica dos fatos). Combinei com Sidnei, o taxista, para me buscar às 20h30. Sempre gosto de chegar com bastante antecedência no aeroporto para dar tempo de comer algo e tomar um café. Quer dizer, na verdade é uma desculpa para não entregar que eu sou neurótico em perder o flight e chegar, sim, com 400 horas adiantado. Em uma cidade caótica como São Paulo, isso é caso de sobrevivência. E pelo jeito eu não fui o único a me preocupar. Sidnei chegou 30 minutos antes do horário combinado e ficou me aguardando. Bem que poderia ter me avisado, assim eu o convidaria a subir. Estava no apetite para experimentar um “chouriço com ovos” (risos).
Saímos pontualmente às 20h30.
Sidnei é um querido, fomos conversando bastante no trajeto até o aeroporto de
Cumbica. Por educação perguntei como ele estava e de repente fomos
transportados na minha imaginação a um divã. Ele estava reclamando da questão
financeira, do aumento da frota da empresa de táxi que ele trabalha e o quanto
agora está mais concorrido ganhar uma grana. Como estava “Pra lá do Mundo de
Alice”, encarnei a Ala Szerman da psicologia e comecei a dar atenção ao papo. Ele tem
trabalhado 12 horas por dia para garantir o sustento de sua família. É jovem,
mas o excesso de trampo o deixou com uma aparência mais fragilizada. E aí tive
a pachorra de diagnosticar o jovem mancebo de que isso era “falta de fazer
alguma atividade física”. Ele me olhou fixamente no olho com aquele semblante
de “OI, POKEMON AUTISTA EVOLUIDO!?” e rapidamente mudamos o assunto para
falarmos de (risos) esportes. Entenderam como a Ala Szerman foi essencial para
mudarmos a pauta?
Não, Ala Szerman não é um palavrão. Dê um clique pra ver
Chegada em Cumbica às 21h20.
Para revidar, Sidnei me cobrou um pen drive com algumas músicas que tinha
prometido a ele. Fiz a linha fingida no esquecimento, dizendo que iria gravar e
ele simpaticamente retrucou: “Mas dessa vez é pra valer?”. Disse em tom de
brincadeira que sim, que não fazia tanto tempo que ele tinha me pedido e rápido
como um Flash completou que faziam dois anos e sete meses. Ele teve o direito a
dar sua devolutiva e eu consenti. Ficamos quites.
O check in foi rápido. Porém,
antes de chegar na máquina para retirada da passagem, um bofe lesado e sua
namorada gorda com cara de detenta - além de flácida, me abordou e fez uma
pergunta, mas não entendia nada do que ele falava. Acho que sofria de “delay”
(risos). Era tudo muito estranho, parecia que estávamos em uma cena de filme no
formato slow motion. Aí ele ficou
olhando para a namorada, que estava com cara de quem cheirava a merda e os dois
ficaram um olhando para o outro e para mim. Aí eu soltei um “No compreendo,
señor”, virei as costas e retirei minha passagem. E não é que eles acreditaram?
Fiz uma pausa para tomar um
café e comer dois paninis na Casa do Pão de Queijo. Sentei num lugar bem estratégico
para ver o movimento quando começo a escutar uma mulher dando um escândalo com
um funcionário, junto com o namorado, aos berros. Ah, como foi bom saborear meu
café enquanto tive o privilégio de ver a
missiva junto com o imprestável do boy correndo, aos prantos para não
perder o vôo. E não me chamem de maldito porque todo mundo A-Do-RA ficar de
camarote para presenciar um barraco. Como a fauna brasileira me diverte. Pausa para me jogar em um som bem
alto astral no Spotfy, enquanto aguardava o embarque.
O vôo saiu 25 minutos atrasado. Escolhi a poltrona
10C e tive a sorte de sentar-me ao lado de uma querida. Cordialmente nos
cumprimentamos, ela estava com sua mãe. Quer dizer, não nos comunicamos o tempo
todo do vôo. Logo, a achei agradável.
Durante o vôo, devorei a
revista da Azul. A pauta estava ótima, mostrando um roteiro para fugir das
capitais. Um dos destinos foi o vilarejo de Santo André, próximo a Porto Seguro
- o paraíso da (risos) “middle class” acéfala brasileira. Só pra resfrescar a memória, o local foi escolhido para acolhida da
seleção alemã durante a copa do mundo aqui no Brasil. Acredito que a brisa
marítima baiana fez um bem tamanho a eles. Que o diga os 7 x 1 enfiados no rabo
da seleção brasileira. A matéria
contemplava também lugares diferentes e pitorescos da região e destacou o
restaurante da minha querida Maria Nilza, que possui uma barraca na praia de
Guaiú. Fica bem nas proximidades do vilarejo e foi bem merecida a menção.
Pra passar o tempo, peguei
meu HQ dos Novos Titãs, que acabei nem lendo inteiro. Aterrisamos às 3h em
Fortaleza. Como não tinha mala despachada, me encontrei rapidamente com Wellington,
o motorista que me pegou no aeroporto para me levar ao hotel. A viagem está
apenas no prólogo. Amanhã tem mais.