Ubajara (CE) – Parque Nacional Sete Cidades (PI). Acordei às 7h para tomar o café com tranquilidade, antes de pegar estrada, rumo ao Piauí. Saindo do meu quarto, a neblina pairava sobre toda a pousada, era como se adentrasse ao reino dos mortos. Ou ao Umbral (risos). Cheguei no refeitório, dei bom dia a um gato pingado que nem retribuiu a gentileza. O que se esperar de alguém que aprendeu em um curral a ter um “padrão” de educação.
Enquanto comia meu brioche, eis que surge de algum portal dimensional o tal gerente da pousada que não me lembrava o nome. Me deu bom dia e já engatou a pergunta “E aí, meu querido, vai levar quantos pacotinhos de chá”? Deus Pai, como ele era insistente. Quer dizer, se eu sou o gerente da pousada eu perguntaria se eu tinha gostado do quarto, da comida, do atendimento, mas ele estava obcecado com o maldito chá de amora.
Respirei calmamente avisando
que iria levar menos do que ele tinha separado, pois não teria espaço para
colocar nas duas mochilas que trouxe para minha estadia. Insistiu para levar tudo, para testar meu
nível de paciência. Pensando que detesto acordar cedo, e que minha taxa de mal
humor é intensa, olhei calmamente para o senhor e disse:
“Querido, acho um equívoco
sua insistência em querer me fazer engolir goela abaixo os chás que pelo jeito,
é você quem produz, correto? No momento, meu questionamento é saber por que uma
pousada tão bacana como essa cometer um deslize (achei muito dizer que ele
cometeu um faux pas, ele não iria entender) em não ter iogurte no café da
manhã para comer uma granola com aveia. Não acha que isso deveria ser sua
preocupação?” Pausa para o momento “Congela!” dele (risos).
Sem deixar espaço para uma
réplica, emendei que não era de bom tom ele como gerente ficar se refestelando nas pessoas, induzindo elas a
comprar um produto que ele produzia. E
pra finalizar, que iria levar apenas o necessário, que não era obrigado a levar
nada e pela insistência deselegante dele levaria menos com o preço do desconto
que tinha me dado pelo “pacote” todo sugerido por ele. Sem delongas, continuei tomando pacificamente
meu café. Ele entendeu o recado e se retirou.
Fiz o check out, já com
minhas mochilas a postos na SW4. Jeovani já tinha adiantado tudo, para
seguirmos viagem. A temperatura estava super agradável, em torno de 19 graus. Com
essa brisa deliciosa, nos despedimos de todos e caímos na estrada, com as
mochilas, com as boas lembranças do Parque de Ubajara e com os (risos)
benditos chás.
Aproveitei a noite anterior
para baixar alguns álbuns pelo spotfy para dar um clima a mais em nosso roteiro
de viagem. A primeira sugestão foi certeira na viagem, combinando perfeitamente
com o ar refrescante da serra.
No caminho, várias torres
eólicas recheavam a paisagem em direção a divisa do Ceará com o Piauí. Havia um
carro em nossa frente que dirigia muito devagar. Era um casal que, suponho eu,
estavam discutindo, a mulher articulava muito com as mãos e o cara também. Avistamos
logo à frente na estrada um estabelecimento que dizia “Pousada e Motel Tayo”
(gargalhadas). O carro em nossa frente deu o sinal e entrou à direita. Era a
primeira vez que via um local ter duas funções de “entretenimento”. Jeovani
disse, naquele humor peculiar de duplo sentido, que o cara iria comer um belo café da manhã. Mas com a baranga que
tínhamos visto no carro, reforcei que era mais fácil ele ter uma indigestão. Mudança no
setlist musical, no momento que víamos a junção da caatinga com o cerrado. Dávamos "Bye, bye, so long" ao Ceará e adentrávamos ao enigmático Piauí.
Assim que passamos a divisa e
entramos no Piaui, a temperatura drasticamente mudou. Saimos de 19 graus para
chegarmos no hotel, em Sete Cidades, a 34 graus. Assim que chegamos ao hotel
aquela sensação de estar dentro de um Simba Safari, você via “monstros pré
históricos” andando por todo local. Tive uma primeira impressão não muito boa
de onde iria ficar, mas logo desencanei pois tinha visto a piscina e queria
descansar um pouco, pegar um bronze, antes de caminhar pelo Parque, na parte da
tarde. Aproveitei para ler um pouco, enquanto Jeovani me chamava para ver um teijú,
aquele tipo de lagarto (mais parecido, para mim com um tiranossauros rex) com um rabo enorme, desfilando pelo hotel. Tirei uma bela foto dele.
Almoçamos no próprio hotel,
por falta de opção. Um funcionário extremamente ogro e mal humorado anotou os
nossos pedidos. Pedi um peixe com purê e legumes, mas o purê estava com a consistência pastosa. Com os personagens presentes e a fauna à vontade, pensei se
estava em alguma cena de “A bruxa de Blair”. Comemos e nos preparamos para
trilharmos o Parque de Sete Cidades.