Fui bem recepcionado pela
curadora da exposição “British Explorers”, no Centro Brasileiro Britânico (http://www.cbb.org.br/wps/portal/CBB). Seu
nome é Patrícia. Quis pegar algumas informações antes, a respeito dos dois
artistas contemplados. Ela me perguntou se eu queria fazer uma visita guiada. Eu agradeci
gentilmente, mas disse que preferia contemplar sozinho as obras. Ela sorriu e
disse: “você está certíssimo. Eu faria a mesma coisa”. Já ganhei o meu dia. Me
perguntou o que fazia e eu respondi que trabalhava com produção cultural. Começamos
a fazer um tricô e ela me contou que morou anos em Londres, mas que precisou
vir para cá, por questões de saúde. Como Londres é uma cidade que faz sol apenas dois meses por ano, ela precisava
de sol. E teve que voltar. Ela me disse que o filho dela quer voltar para
Londres. “Bom para ele”, brinquei. Falamos de política e ela foi certeira: que
as pessoas estão preocupadas demais com a briga do PT com o PSDB, mas ninguém
se preocupa, de fato com os problemas do país. Concordei. Afinal, o interesse é
mais relacionado com a polarização das ideologias partidárias. E nós, cidadãos,
assistimos calados, em posição de yoga. Sabemos que estamos ferrados. Não quis
deixá-la mais assustada e me despedi para ver a exposição. Paul Wright, como
sempre, expressando os seus tormentos. A obra My cell me deixou arrepiado. Ainda estou digerindo o trabalho de
Ilia. Preciso me informar melhor sobre ela.
De saída do CBB, Patrícia me
chamou e quis pegar meus contatos. Falou que irá me convidar para a próxima vernissage e eu agradeci. Belo presente
para ter esperança de terminar bem o dia. Assim que cheguei na rua Paes Leme,
fiquei estarrecido com uma “aberração arquitetônica” construída ao lado do SESC
Pinheiros. O supra sumo do mal gosto. Depois desse aborto visual, decidi entrar
no SESC Pinheiros e para minha surpresa, minha amiga Helena estava encenando um
espetáculo no hall de entrada da unidade. A peça é A bailarina e o palhaço. Ou será O palhaço e a bailarina? Whatever, acabei pegando o finalzinho da
performance deles. São clowns. Aguardei eles tirarem fotos com as crianças. Eu
as chamo carinhosamente de cobainhas (risos). Dei um abraço em Helena. Tenho muito
orgulho dela. Ela e o marido, o Duba, criaram a concepção da comissão de frente
da Gaviões da Fiel e estão confiantes para esse ano, na avenida. Colocamos o
papo em dia. Falei
que tinha recebido convite pra desfilar na Mocidade Alegre e ela foi super
incentivadora. Comecei a conversar com o produtor dela também, o Ailton. O
rosto dele me era familiar. Ele disse que me conhecia de algum lugar. E
descobrimos que foi no CPT do Antunes, quando trabalhei no SESC Consolação. Ah,
conhecemos também um colombiano, o Juan. Nos disse que saiu de seu país, entrou
no Brasil e veio viajando de barco, de carro e (ufa!) de ônibus pelo Pará, todo
o Nordeste – ou quase, até chegar em Sampa. Corajoso o menino. Foi ajudar o Duba na
desmontagem, enquanto Helena descansava. Ela comentou que estava cansada e
começou a contar uns causos antigos. Falou que uma vez foi brincar de jogo de
dardos e chamou no público uma criança para ajudá-la. Foi um menino. E quando
foram brincar de arremesso de dardo, sendo a criança a cobaia, ela (risos)
acabou acertando o dardo no pintinho do moleque. E ela ainda comemorou. Fez um "EBA!" para a plateia, que não deve ter entendido nada. Então eu a consolei,
dizendo para ela não se preocupar. Os pais do menino lhe agradeceriam pelo
resto de sua vida, por não ter que pagar a cirurgia de fimose (risos) da criança.
Fui com Ailton até o metrô Faria
Lima, para descer na Fradique. Nos adicionamos no Face. Ele me convidou para
assistir uma peça que ele trabalha, “Chá das Cinco”. Acredito que eu vá dar uma
conferida.
E a caminhada pela Fradique foi
árdua. Camelei bastante, uns 15 minutos, para chegar e bater de cara com a Blau
Projects fechada. Fiquei tão puto! Também pudera, tinha um bloco desfilando
justamente no quarteirão da Blaus. Só me restou voltar, entrar na Livraria da
Vila e comprar uns CDs de música clássica. Acabei acrescentando o último
trabalho do Suede, o “Bloodsports". No retorno ao metrô Fradique, fui refletindo
sobre o vácuo que a Blaus Project deixou, que acabei me lembrando sobre fazer
uns cursos, como por exemplo um estudo mais profundo em História da Arte. Ter
ido ao CBB me lembrou que eu preciso
voltar a aperfeiçoar o inglês. Durante o trajeto, com a cabeça borbulhando,
pausa para uma boa taça de vinho e um gostoso galeto.
Suede - Bloodsports