terça-feira, 3 de fevereiro de 2015


Fui bem recepcionado pela curadora da exposição “British Explorers”, no Centro Brasileiro Britânico (http://www.cbb.org.br/wps/portal/CBB). Seu nome é Patrícia. Quis pegar algumas informações antes, a respeito dos dois artistas contemplados. Ela me perguntou se eu queria fazer uma visita guiada. Eu agradeci gentilmente, mas disse que preferia contemplar sozinho as obras. Ela sorriu e disse: “você está certíssimo. Eu faria a mesma coisa”. Já ganhei o meu dia. Me perguntou o que fazia e eu respondi que trabalhava com produção cultural. Começamos a fazer um tricô e ela me contou que morou anos em Londres, mas que precisou vir para cá, por questões de saúde. Como Londres é uma cidade que faz sol apenas dois meses por ano, ela precisava de sol. E teve que voltar. Ela me disse que o filho dela quer voltar para Londres. “Bom para ele”, brinquei. Falamos de política e ela foi certeira: que as pessoas estão preocupadas demais com a briga do PT com o PSDB, mas ninguém se preocupa, de fato com os problemas do país. Concordei. Afinal, o interesse é mais relacionado com a polarização das ideologias partidárias. E nós, cidadãos, assistimos calados, em posição de yoga. Sabemos que estamos ferrados. Não quis deixá-la mais assustada e me despedi para ver a exposição. Paul Wright, como sempre, expressando os seus tormentos. A obra My cell me deixou arrepiado. Ainda estou digerindo o trabalho de Ilia. Preciso me informar melhor sobre ela.

                     My cell. Obra de Paul Wright.


De saída do CBB, Patrícia me chamou e quis pegar meus contatos. Falou que irá me convidar para a próxima vernissage e eu agradeci. Belo presente para ter esperança de terminar bem o dia. Assim que cheguei na rua Paes Leme, fiquei estarrecido com uma “aberração arquitetônica” construída ao lado do SESC Pinheiros. O supra sumo do mal gosto. Depois desse aborto visual, decidi entrar no SESC Pinheiros e para minha surpresa, minha amiga Helena estava encenando um espetáculo no hall de entrada da unidade. A peça é A bailarina e o palhaço. Ou será O palhaço e a bailarina? Whatever, acabei pegando o finalzinho da performance deles. São clowns. Aguardei eles tirarem fotos com as crianças. Eu as chamo carinhosamente de cobainhas (risos). Dei um abraço em Helena. Tenho muito orgulho dela. Ela e o marido, o Duba, criaram a concepção da comissão de frente da Gaviões da Fiel e estão confiantes para esse ano, na avenida. Colocamos o papo em dia. Falei que tinha recebido convite pra desfilar na Mocidade Alegre e ela foi super incentivadora. Comecei a conversar com o produtor dela também, o Ailton. O rosto dele me era familiar. Ele disse que me conhecia de algum lugar. E descobrimos que foi no CPT do Antunes, quando trabalhei no SESC Consolação. Ah, conhecemos também um colombiano, o Juan. Nos disse que saiu de seu país, entrou no Brasil e veio viajando de barco, de carro e (ufa!) de ônibus pelo Pará, todo o Nordeste – ou quase, até chegar em Sampa. Corajoso o menino. Foi ajudar o Duba na desmontagem, enquanto Helena descansava. Ela comentou que estava cansada e começou a contar uns causos antigos. Falou que uma vez foi brincar de jogo de dardos e chamou no público uma criança para ajudá-la. Foi um menino. E quando foram brincar de arremesso de dardo, sendo a criança a cobaia, ela (risos) acabou acertando o dardo no pintinho do moleque. E ela ainda comemorou. Fez um "EBA!" para a plateia, que não deve ter entendido nada. Então eu a consolei, dizendo para ela não se preocupar. Os pais do menino lhe agradeceriam pelo resto de sua vida, por não ter que pagar a cirurgia de fimose (risos) da criança.



Fui com Ailton até o metrô Faria Lima, para descer na Fradique. Nos adicionamos no Face. Ele me convidou para assistir uma peça que ele trabalha, “Chá das Cinco”. Acredito que eu vá dar uma conferida.


E a caminhada pela Fradique foi árdua. Camelei bastante, uns 15 minutos, para chegar e bater de cara com a Blau Projects fechada. Fiquei tão puto! Também pudera, tinha um bloco desfilando justamente no quarteirão da Blaus. Só me restou voltar, entrar na Livraria da Vila e comprar uns CDs de música clássica. Acabei acrescentando o último trabalho do Suede, o “Bloodsports". No retorno ao metrô Fradique, fui refletindo sobre o vácuo que a Blaus Project deixou, que acabei me lembrando sobre fazer uns cursos, como por exemplo um estudo mais profundo em História da Arte. Ter ido  ao CBB me lembrou que eu preciso voltar a aperfeiçoar o inglês. Durante o trajeto, com a cabeça borbulhando, pausa para uma boa taça de vinho e um gostoso galeto.

Suede - Bloodsports