quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015



O consumo desenfreado dos brasileiros me faz ter a triste conclusão de que somos e seremos eternamente seres colonizados. É só olhar as pesquisas e estatísticas. A maioria do povo brasileiro está colhendo os excessos desse consumo, ou seja, tornaram-se obesos. Estamos acima do peso, entenderam? Até nisso seguimos a cartilha junkie food ianque.

Vamos ilustrar a história. Desde o ano passado tenho seguido uma dieta que, a princípio, foi um pouco rigorosa, já que tinha que abrir mão de várias coisas que adorava comer. Foi detectado em meus exames gordura no fígado, com o excitante nome de esteatose hepática.  Fui na nutricionista, que fez uma entrevista comigo e em cima de nossa conversa, ela criou a dieta. Passados os meses, com uma nova batelada de exames, a gordura sumiu. O curioso foi que meu hábito alimentar mudou a ponto de não sentir falta de muitas tentações gastronômicas. Por exemplo, eu pedia comida por delivery à noite – lanche, pizza, china in box, pratos. São desejos como esses que não tenho saudades. Mas é lógico que, ocasionalmente, me dou o direito, pelo menos uma ou duas vezes na semana de comer junkie food. E é aí que o atual consumo da comida de gordura se torna assustador.

Fui dia desses no Pátio Higienópolis pagar umas contas e resolver um assunto a respeito do meu celular. É lógico que o problema com a Claro eu não resolvi, tamanha a incompetência deles. Aproveitei e subi na praça de alimentação. Durante o trajeto do metrô Marechal até o shopping, me veio o gosto do pedaço de pizza da Pizza Hut. Não sei por que veio, mas me deu a vontade. Eu não comia Pizza Hut há anos. Subi até a praça de alimentação e fui até o guichê da empresa. Enquanto vislumbrava o cardápio, fiquei atento às pessoas fazendo seus pedidos. Só gente obesa (risos). Mães gordas, flácidas, com filhos a tiracolo – gordos, flácidos e mimados chorando, mendigando excesso de comida. Queria entender o motivo de tanto drama infantil, mas continuei a escolher o que iria pedir. Me peguei em meu imaginário que se eu fizesse isso na época que era criança, eu tomaria vários tabefes de minha mãe na frente de todos.

Na hora de minha escolha, fui pontual. Pedi um pedaço de pizza de um sabor e a atendente disse que estava em falta. Acabei fechando em um pedaço de pizza de pepperoni. Quando eu vi o tamanho da fatia indo para o forno, fiquei me perguntando se conseguiria devorar tudo aquilo. A menina do caixa perguntou se eu queria refrigerante. Pedi um copo pequeno e a angústia de gente disse que eles trabalhavam apenas com copo de 400 ml. Quer dizer, eu sou obrigado a tomar um refri de acordo com a condição deles? Uma inversão de valores, concordam? Eu, como consumidor, não tenho mais o direito de escolha.


Acabei optando à minha revelia do refri de 400 ml e pedi para fechar, quando a garota do caixa me pergunta se eu não queria, além da pizza, de um acompanhamento. Eu olhei e perguntei: já não basta a pizza? Curioso, perguntei o que seria o acompanhamento. Ela abriu um sorriso robótico, maquiado, parecia que tinha incorporado algo e me falou sem nenhum peso na consciência que eu poderia escolher entre a polenta frita ou batata smiles. Quer dizer, eu já ia comer um trator de junkie food, dado o tamanho da fatia e ainda queriam que eu adicionasse mais gordura em minhas veias e artérias, como se fosse cobaia de cativeiro? Depois de um flash de segundos muito puto com o que a sociedade do consumo tem imposto às pessoas e elas, sem nenhum tipo de educação, acabam não tendo know how para questionar se isso faz bem à saúde e acabam sucumbindo a essas delícias dionisíacas, voltei à Terra e perguntei a ela se, como consumidora, também encararia esse projeto Combo de gordura? Ela sorriu de forma bem sem graça, ao lado de outra garota, que estava terminando de esquentar minha fatia. Aí eu olhei bem para ela e disse que não havia a necessidade de me responder. Peguei minha pizza e o absurdo de copo de 400 ml de coca-cola.  Fiquei pensando, a caminho de uma mesa para me sentar que realmente não seria necessário a dita cuja atendente me responder o que tinha perguntado, já que eu sabia da resposta.  Ela (risos) era bem gorda.

E para todos aqueles que estão dentro da cadeia do excesso de consumo, dêem uma olhada no vídeo abaixo. E boa digestão.